A lanterna tremia nas mãos de Helena enquanto os passos ecoavam pelo túnel abandonado. O som de água pingando do teto criava um ritmo hipnótico, como se a cidade, por um momento, prendesse a respiração junto com ela.
Cada passo era um mergulho em memórias.
A estação desativada era um santuário de silêncio e poeira. Havia marcas de pegadas no chão, recentes. E no fim do corredor, um velho vagão de trem abandonado, grafitado, partido pela ferrugem do tempo, repousava como um animal ferido.
Helena sentiu seu peito apertar quando viu a silhueta dele dentro do vagão. Sentado, cabeça baixa, braços apoiados nos joelhos. Lucky.
Ou seria Lucas?
Ela não sabia mais. Ou talvez soubesse, e só não queria encarar a resposta.
— Eu sabia que você viria — ele disse, sem olhar para ela.
A voz era baixa, embargada. Um sussurro cansado de alguém que não dorme há séculos.
— Eu vim porque preciso entender — respondeu Helena, com firmeza, mesmo que suas pernas ameaçassem ceder a qualquer momento.
Ele levanto