As batidas na porta do apartamento de Helena fizeram seu coração disparar. Três toques secos. Depois, silêncio. Ela parou no meio da sala, o corpo paralisado, os olhos fixos na madeira. A mente fez o que sempre faz em momentos de pânico: recorreu à lógica.
Era tarde. Nenhuma visita. Nenhuma encomenda. Nenhum vizinho.A mão foi lentamente ao trinco. Ela não abriu. Apenas perguntou:— Quem é?A resposta veio baixa, firme, masculina.— Reinaldo Camargo. Jornalista. Podemos conversar?Helena hesitou. Já conhecia o nome. O autor das reportagens que vinham expondo, pouco a pouco, as sombras por trás da imagem perfeita de Lucky Valley. Ela respirou fundo e destrancou a porta.Reinaldo entrou com uma pasta de couro gasta nas mãos e olhos cheios de insônia. Tinha algo de inquieto, de alguém que dorme com medo e acorda com pressa. Seu olhar escaneava tudo. Parecia sempre pronto para correr.— Você está investigando ele ta