A noite estava fria, mas o frio que percorria a espinha de Helena não vinha do vento. Vinha das páginas espalhadas sobre sua cama. Documentos, fotos antigas, reportagens mal apagadas da internet, anotações feitas à mão. Pela primeira vez desde que fora forçada a se tornar Helena, ela voltava a ser Luana em essência — não pelo nome, mas pela urgência de descobrir.

O rosto de Lucky estampava um cartaz digital de um festival local. Um sorriso sedutor, uma aura de carisma, a imagem perfeita de um artista em ascensão. Mas agora, para ela, era mais do que um rosto bonito — era um enigma carregado de sombras. E as sombras estavam começando a falar.

As conexões começaram como sussurros. Pequenos detalhes, coincidências demais, datas que batiam com eventos esquecidos. Uma denúncia antiga de desaparecimento. Um nome apagado de um banco de dados. Um boletim de ocorrência arquivado indevidamente. E sempre... alguém por perto que poderia ser ele.

Helena sabia que estav