O cheiro do camarim misturava perfume amadeirado, suor e aquele aroma metálico dos equipamentos recém desligados. A voz da multidão lá fora ainda ecoava, abafada, como um fantasma vibrando pelas paredes do teatro. O show havia terminado há poucos minutos, e Lucky — ou melhor, Lucas — estava sentado na poltrona de couro sintético, encarando o reflexo do próprio rosto no espelho iluminado.
Suas mãos tremiam. As palmas estavam úmidas, e a respiração, descompassada. Podia ouvir, claramente, o próprio coração disparado, batendo tão forte que parecia reverberar no seu peito, no pescoço, no crânio. Um tambor desgovernado.Ele sabia que ela estava a caminho.Helena.O novo nome dela. Mas para ele, seria eternamente Luana.Por anos, ele havia arquitetado mentalmente esse momento. Imaginou centenas de vezes como seria finalmente estar cara a cara com ela — mas não como um estranho que a observava escondido, e sim como alguém que agora fazia parte do mundo de