Capítulo 76 – A Armadilha nas Sombras
A noite havia caído como um manto denso sobre a cidade. Em um galpão abandonado na periferia, Ricardo se movia entre caixas velhas e ferrugem. O silêncio ali era quebrado apenas pelo gotejar constante de um cano furado. Seus passos ecoavam com cadência irregular, e a luz fraca de uma lâmpada pendurada balançava no teto, lançando sombras distorcidas pelo espaço.
Ele olhava para o espelho rachado apoiado contra a parede. O reflexo mostrava o homem mutilado que se tornara: o olho vazio coberto por uma faixa escura, o braço esquerdo substituído por uma prótese improvisada, o corpo marcado por cicatrizes. Mas não era isso que o deixava mais deformado. O que transbordava em seu olhar único era ódio, um fogo que consumia cada pedaço de sua sanidade.
— Eles acham que estão seguros — murmurou, rindo baixo. — Helena acredita que pode me enfrentar. Que doce ilusão…
Sobre uma mesa improvisada, ele espalhara mapas da cidade, fotografias de Helena e Miguel, reg