Capítulo 77 — O Alvo: Clara
Clara sempre soubera que, ao escolher investigar o lado mais sujo daquela história, estaria se expondo. Jornalista, investigadora por natureza, ela transformava medo em propósito — e foi esse propósito que a levou a atender a mensagem anônima na madrugada: um aviso sobre um arquivo “decisivo” de Daniel, deixado num depósito abandonado ao lado do cais. A mensagem vinha com coordenadas e uma foto desfocada de um pequeno pen drive — e com uma ameaça velada: “Se não vier, outros perderão a chance.”
Ela pensou em avisar, em levar Roberto, em pedir que Miguel ou Helena fossem com ela. Pensou em todas as opções possíveis e em todas as formas de não se expor. No fim, decidiu ir sozinha: sabia que se aparecesse escoltada, poderiam dificultar o acesso ao arquivo; se fosse discreta, talvez encontrasse algo que mudasse tudo. E precisava daquela vantagem.
A noite estava úmida quando Clara estacionou o carro a algumas quadras do depósito. O local era uma construção baixa