Capítulo 75 – Ecos da Sobrevivência
O sol nascia tímido, tingindo o céu com um laranja suave. Para Helena, no entanto, o amanhecer parecia cinzento e pesado, como se a noite anterior ainda estivesse agarrada à sua pele. A imagem de Ricardo dentro da casa, seu olhar doentio e a faca refletindo a luz do luar, repetia-se em sua mente como um pesadelo insistente.
Ela estava sentada no sofá, coberta por um cobertor oferecido por um policial. Ao lado, Miguel permanecia firme, mas o rosto denunciava a exaustão e a raiva contida. Os policiais circulavam pela sala, tirando fotos, recolhendo fragmentos de vidro, tentando montar um relatório do ataque.
— Ele é como um fantasma… — murmurou Helena, abraçando os próprios joelhos. — Como alguém pode sobreviver a tanta dor e ainda encontrar forças para odiar desse jeito?
Miguel pousou a mão sobre a dela. — Porque o ódio é tudo o que ele tem. Ele não é mais humano, Helena. Ele é um animal acuado, e animais acuados são os mais perigosos.
O delegado res