Capítulo 107 — O Nome do Vento
A chuva caía fina naquela manhã cinzenta. O som das gotas batendo nas janelas ecoava pelo apartamento de Helena como uma lembrança constante de que a paz ainda era um luxo distante.
Miguel observava a janela em silêncio. Desde que assistiram ao vídeo deixado por Daniel, o ar entre eles parecia mais denso, carregado de perguntas sem respostas.
Helena, sentada no sofá, segurava o colar e o pendrive, os dois objetos que agora pareciam pesar mais que o mundo.
— Você não falou nada desde ontem — disse Miguel, quebrando o silêncio. — Está pensando em ir atrás disso, não está?
Helena levantou o olhar, firme. — Não posso fingir que não vi. Daniel morreu tentando me avisar, e eu… — ela respirou fundo, os olhos marejados — eu devo isso a ele.
Miguel se aproximou, ajoelhando-se diante dela. — E se for perigoso demais?
Helena tocou o rosto dele, com um sorriso cansado. — Desde quando nossa vida deixou de ser perigosa?
Um toque de ironia triste cruzou o olhar de Migu