Amália precisava falar, aquilo estava entalado em sua garganta.
— Eu não o vi, mas reconheci a voz. Eu estava caminhando até o mercado, na época em que trabalhava na casa de uma senhora, e fui abordada por um homem que me colocou à força num carro. Ele me levou até o porto... Tentei fugir, e ele... ele me bateu e tentou... Os olhos dela se encheram de lágrimas ao lembrar da angústia que viveu.
— Não precisa... Glauco ia pedir que parasse, mas ela estendeu a mão, os dedos trêmulos.
— Preciso dizer. E ela continuou. — Ele queria me forçar. Eu bati nele com um ferro que encontrei; ele ficou tonto. Tentei correr, mas ele me pegou... colocou algo no meu rosto e eu perdi os sentidos. Acordei dentro de uma caixa de madeira apertada. Ouvi aquela voz cantando e batendo nas caixas... Depois ouvi ele com uma mulher... os dois estavam... você sabe... Tive medo que acontecesse o mesmo comigo. A voz dele ficou na minha mente.
— Mas você não o viu? Ele não tocou em você?
— Não foi ele quem me captur