Paolo hesitou um segundo, olhou para o cenário, pegou o colete do chão. Caminhou até o carro antes de Henrico dar a partida, abriu a porta traseira e sentou-se ao lado de Glauco.
— Vou com vocês. Disse ele baixo. — Pode acontecer algo no caminho.
Henrico prendeu o cinto, ajeitou o volante e deu a partida. O motor rosnou. As luzes traseiras piscaram, e a noite como uma garganta os engoliu.
Laerte ficou na soleira da casa, observando-os arrancarem, rosto duro na penumbra, pronto para executar a última parte: limpar o local e partir o quanto antes.
No banco de trás, Glauco fechou os olhos por um segundo. A dor queimava, a respiração difícil. Mas a mente dele estava em outro lugar: Amália, o filho que ainda não nascera, a promessa de voltar para casa. Não disse nada.
O silêncio no carro era ensurdecedor.
O carro ganhou a estrada. Os faróis cortaram a noite. No retrovisor, as luzes da cidade para trás, pequenas. O avião já devia estar aquecendo motores. Cada quilômetro entre eles e a pist