Caminharam sob a mira das Kalashnikovs, as temidas AK-47. Carlos foi separado das duas e levado para um abrigo de madeira afastado, erguido sobre o chão congelado, com paredes mal vedadas que deixavam o vento cortar por dentro. Para ele, a única vantagem foi se livrar das duas mulheres que reclamavam e brigavam sem parar.

Marta e Manoela, porém, foram conduzidas para outro abrigo, próximo ao mais equipado, onde Wladimir e seus homens de confiança se hospedavam.

O lugar parecia mais sólido, feito de troncos pesados, e dentro havia algum calor vindo dos grandes fogões a lenha. Panelas enormes borbulhavam, espalhando cheiro forte de carne cozida. Do lado de fora, já escurecia, ou não. Na Sibéria, dependendo da época do ano, o tempo confundia: nunca se sabia se era realmente dia ou noite.

As duas se assustaram ao perceber que não havia nenhuma mulher no interior do abrigo, apenas homens reunidos ao redor do fogo. O sujeito que “arranhava” o italiano apontou para uma porta no fundo:

— Tome