Danilo tentou rir, nervoso, mas a voz falhou.
— Isso… isso é loucura. Eu jamais faria algo assim.
Glauco manteve os olhos nele, frios, pacientes.
— Então me diga… quem ajudou Manoela a fugir?
O silêncio pesou. Danilo engoliu seco, incapaz de responder.
Glauco inclinou-se ainda mais, a voz baixa e letal.
— Vamos perguntar a ela.
Ele se levantou, caminhou até a porta e fez um sinal discreto. Pouco depois, os gritos de Manoela ecoaram pelo corredor. Ela foi arrastada até a cela de Danilo, esperneando e chorando como sempre, em meio a um drama ensaiado.
Quando os olhos dos dois se encontraram, foi inevitável:
— Você! Falaram em uníssono.
— Seu… olha como estou por sua culpa! Manoela berrou antes mesmo de Danilo reagir. — Ele me prometeu me tirar do país… mas me vendeu para um velho horroroso, que fedia a porcos…
Sua voz embargou entre lágrimas, como se revivesse cada detalhe nas mãos de Honório. O estômago, ainda vazio, se revirava.
Danilo a olhava com ódio. "Devia tê-la matado", pensou,