Polônia
Othon permanecia imóvel na varanda de sua imponente propriedade, uma figura esculpida na penumbra do entardecer. O rosto marcado pelo tempo parecia feito de pedra, inexpressivo, como se há muito tivesse esquecido como sentir. À sua frente, estendia-se um vasto campo, uma tapeçaria viva de pastagens verdejantes e flores silvestres em tons de azul, vermelho e amarelo. A beleza do cenário contrastava de forma cruel com a escuridão que dominava seu interior.
O sol mergulhava lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e rosados, mas nada daquilo comovia Othon. A fúria queimava dentro dele, densa e silenciosa, como a lava de um vulcão prestes a explodir. Desde o desaparecimento de Alice, um vazio tomou conta de seus dias - e, mais do que isso, a humilhação de ter sido desafiado publicamente.
Alice, com apenas vinte anos, havia capturado sua atenção no instante em que seus olhos a encontraram. Jovem, delicada, perfeita para ocupar o lugar ao seu lado. Othon, homem de id