Eu estava radiante. Ainda tomada pela emoção do pedido de casamento de Adam, mal conseguia me concentrar nos detalhes enquanto me arrumava. Escolhi um vestido vermelho elegante, justo na medida, que valorizava meu corpo sem exageros. Meus cachos estavam soltos, caindo com naturalidade sobre os ombros, e optei por uma maquiagem suave - apenas um batom vibrante realçava meus lábios e refletia a intensidade do momento. Era o dia em que meus pais conheceriam Adam. O dia em que tantas histórias encontrariam seu ponto de encontro.Absorvida em pensamentos, nem percebi quando Adam entrou no quarto. Quando levantei os olhos, ele estava parado ali, me observando com a expressão de quem admira algo precioso, único.- Você é a mulher mais linda do mundo - ele disse, com um sorriso nos lábios e aquele olhar que sempre me desmontava.Um sorriso escapou do meu rosto. Aproximei-me, passei as mãos pelo seu pescoço e respondi com um tom divertido:- Não exagere. Eu não chego nem perto das supermodelos
Julia e Alice estavam em plena missão: encontrar o vestido de noiva ideal. O casamento se aproximava com a rapidez de um piscar de olhos desde que Adam, surpreendendo a todos, havia anunciado a data - e isso significava que cada segundo agora contava. Felizmente, Alice, em sua empolgação contagiante, parecia ter assumido o papel de madrinha organizadora com total dedicação. Ela já havia contratado uma equipe inteira para cuidar do noivado e, como se não fosse suficiente, providenciou até um avião particular para trazer os parentes de Julia diretamente do Brasil.Apesar da ajuda inestimável da amiga, Julia estava com o estômago embrulhado de ansiedade. A felicidade era real, mas o nervosismo não ficava atrás. Ao adentrar a luxuosa loja de vestidos de noiva - um ambiente digno de filmes românticos, com lustres de cristal cintilando, sofás de veludo branco e araras repletas de vestidos de alta costura - Alice brincou com o tom irônico que lhe era típico:- Achei que você queria se casar
O sol lançava seus raios dourados sobre o extenso campo da casa de veraneio, onde tudo estava preparado para o grande dia de Júlia e Adam. O céu azul parecia pintar um cenário celestial, enquanto a brisa leve fazia as flores do altar dançarem suavemente. As árvores altas ao redor projetavam sombras delicadas sobre os bancos de madeira perfeitamente alinhados, onde os convidados já começavam a se acomodar, trocando sorrisos e cumprimentos.Adam, de pé junto ao altar, usava um smoking preto impecável. Por fora, estava elegante, sereno. Mas por dentro, um redemoinho de emoções tomava conta de si. Nervosismo. Ansiedade. Amor. Era um homem que sempre acreditara que o destino não lhe reservaria uma família. Seu passado difícil, repleto de silêncios e ausências, o fez erguer muros altos ao redor do próprio coração. Mas então, Júlia surgira - e com ela, tudo mudara.Enquanto contemplava a decoração delicada, as flores brancas e lilases misturadas em arranjos finos, Adam foi tirado de seus pen
Dentro da casa de veraneio, Júlia permanecia em silêncio, sentada diante do grande espelho, o coração acelerado e as mãos úmidas de suor. Do lado de fora, tudo já estava pronto. O campo se estendia, pontuado por cadeiras elegantemente alinhadas, flores brancas e tons pastel emoldurando o altar. Convidados murmuravam em expectativa. Adam a aguardava, de pé, em frente ao arco decorado, envolto pela brisa leve daquela tarde dourada.Um aperto no estômago lhe lembrava que o grande momento estava próximo. Foi quando Alice se aproximou, segurou sua mão com ternura e disse, em tom sereno:- Eu sei que está nervosa agora, mas tudo vai acontecer como deve ser. Respire fundo, olhe para ele e apenas... vá. O resto vai se encaixar.Júlia abraçou a amiga com força.- Obrigada por tudo, Alice. Sei que, se não fosse você e Giovanni, nada disso teria acontecido. Eu e Adam talvez nem tivéssemos se conhecido. Houve erros... mas eu não mudaria nada se o final fosse esse.Alice desviou o olhar, tentando
Meses depoisO grande dia finalmente se aproximava. O momento que, por meses, povoara os sonhos e temores de Adam e Júlia. O bebê estava prestes a nascer.Adam estava inquieto. Nunca passara por algo assim. Sentia-se completamente despreparado, tomado por um nervosismo que beirava o desespero. Em contrapartida, Júlia parecia surpreendentemente calma. Apesar das contrações que já começavam a se intensificar, ela mantinha a serenidade.- Respira, Adam. Vai dar tudo certo. Só precisamos ir para o hospital. - disse ela, com uma expressão firme, mas tranquila.Enquanto ela falava, Adam corria de um lado para o outro pela casa, tentando reunir tudo o que haviam separado para a maternidade: malas, documentos, mantas, lembrancinhas. Era um caos cômico. Júlia, mesmo entre contrações, riu baixinho ao vê-lo tão atrapalhado. Pegou calmamente as chaves do carro e caminhou até a porta. Adam surgiu no corredor, carregando as sacolas.- Como você consegue estar tão tranquila? - ele perguntou, quase i
Giovanni ManciniAntes de sair de casa, eu sempre fazia uma pausa. Apenas alguns minutos, parado na varanda, absorvendo a beleza silenciosa de Alessandria. Era uma cidade pequena, escondida no coração da Itália, mas seus campos se estendiam como mares verdes, e as colinas douradas ao longe brilhavam sob o sol da manhã como se guardassem segredos antigos. Era impossível não se perder naquele cenário - mesmo que por breves segundos.Minha família era dona de um dos maiores vinhedos da região. Tínhamos terras, tradição e um nome que carregava respeito... e rancor. Porque onde havia riqueza, havia disputa. E essa vinha de muito antes de mim. A rivalidade com os Giordano era antiga, cega e inútil - mas ainda assim, mortal.Eu não queria parte nisso. Não mais. Quando criança, meu irmão e eu presenciamos os horrores que esse orgulho envenenado causava. Perdi meu tio Álvaro por causa de uma vingança mal curada, uma morte fria e anunciada. Um ciclo de ódio herdado de geração em geração - tanto
5 anos depoisAlice GiordanoNão sou o tipo de pessoa que teve a sorte ao seu lado. Na verdade, posso dizer com certeza que a sorte nunca me notou. Quando perdi minha mãe, aos vinte e sete anos, fui descartada pelo meu próprio pai como se eu fosse um fardo - enviada para um convento, longe dos olhos dele, longe da sua frieza.E foi lá, entre freiras e orações, que vivi os dias mais felizes da minha vida.A fé era meu alívio. Rezava com fervor, pedindo um futuro melhor, um pai que me amasse, uma vida que não doesse tanto. Mas Deus, talvez ocupado com promessas maiores, me entregou um destino ainda mais cruel.Numa noite fria e encharcada de chuva, Luca Giordano apareceu no convento. Irrompeu pelas portas sagradas com a arrogância de sempre, e me levou com ele - quase à força - para um país desconhecido, com promessas que eu sabia que nunca seriam cumpridas. Polônia. Terra onde minha mãe nasceu, junto da mãe dele.Nada fazia sentido. Ele parecia paranoico, agressivo, mais sombrio do que
AliceNão precisei sequer colocar os pés para fora do aeroporto para sentir que aquele lugar representava o meu futuro, a minha salvação. Não importava o quanto fosse difícil - eu enfrentaria qualquer obstáculo só para ficar ali, longe do destino que Luca havia traçado para mim.Eu deveria pegar o táxi que me levaria até a casa da amiga da minha tia, mas preferi ser cautelosa. Conheço muito bem o meu pai. Se ele arrancasse qualquer informação da Sara, eu estaria de volta à Polônia antes do sol nascer.Luca era um assassino. E só por isso, o medo de ele descobrir que Sara me ajudou me corroía por dentro. Não acreditava que ele chegaria ao ponto de matá-la - afinal, estava em um país onde não confiava em ninguém além de si mesmo -, mas não podia contar com a sorte.Minha tia havia juntado, com muito esforço, uma quantia razoável. Mesmo contra minha vontade, ela me entregou esse dinheiro antes da minha partida. Partir sem ela já havia sido doloroso o suficiente. Sair levando o que ela ju