Quando Natali acordou não se lembrava de ter sido tirada do jardim. O frio e o esgotamento a haviam mergulhado em um torpor além do desmaio. Ela sentiu apenas o choque de uma nova superfície, menos hostil que a lama. Quando a consciência retornou, ela estava em uma banheira, a água morna e medicada, e mãos gentis a limpavam da sujeira da noite.
Eram as mãos de Lucinha, cujos olhos estavam cheios de lágrimas silenciosas.
— Natali, minha menina. Pensei que ele a tinha... — a governanta não terminou a frase, balançando a cabeça. — Mas o patrão ordenou que te levasse ao segundo andar.
O banho, a limpeza, a sensação de roupas secas e macias — uma camisola de algodão limpa — eram gentilezas que Natali não esperava.
O quarto para onde a levaram era vasto e banhado em luz matinal. As paredes, de um tom suave de creme, contrastavam com a mobília de cerejeira escura. Não era um calabouço. Era um quarto de hóspedes, com um tapete macio e uma cama que parecia engolir a luz. No entanto, Natali