Capítulo 2

A limusine parou em frente a uma mansão imponente, construída com pedras escuras que pareciam absorver a luz da noite. Apolo desceu sem sequer olhar para trás. Natali, trêmula, foi puxada para fora por um dos seguranças. Ela se sentia como um cordeiro sendo levado para o matadouro.

Eles a levaram para dentro da casa, um labirinto de corredores e salões grandiosos. O mármore no chão era polido como um espelho e os lustres, cravejados de cristais, ofuscavam a visão de Natali. Ela sabia que aquele era o seu novo inferno, o lugar onde pagaria pelos pecados do pai.

Apolo estava sentado em uma poltrona de couro em seu escritório. O ambiente, pesado e sombrio, era um reflexo de sua alma. Ele ordenou aos seguranças: -- Leve-a para o quarto dos fundos. Onde os objetos que não têm valor são guardados. A voz dele era fria, sem emoção, como se estivesse dando ordens para mover um móvel.

Natali foi arrastada para um quarto pequeno, com paredes descascadas e um colchão velho no chão. A janela, coberta por barras de ferro, dava para um jardim sem flores. Ela sentou-se no chão, abraçando os joelhos, e as lágrimas que ela segurava a tanto tempo finalmente caíram.

O céu amanheceu cinzento, a luz da manhã mal conseguia entrar no quarto. Natali, com o corpo dolorido, levantou-se e lavou o rosto com a água fria que estava em uma jarra. Ela sabia que a sua vida havia mudado para sempre, e que ela era prisioneira de um homem que a odiava. A porta se abriu, e uma mulher de idade entrou, com uma bandeja com comida e um olhar de compaixão em seus olhos.

-- Meu nome é Lucinha, a mulher sussurrou. -- Sou a governanta. O Sr. Apolo me pediu para dar isso a você.

Natali, com a voz embargada, agradeceu. -- Ele me odeia, não é?

-- O Sr. Apolo tem os seus motivos, Lucinha disse, o tom de voz suave e triste. -- Ele é um homem muito ferido.

Natali não podia acreditar. -- Ficou ferido? Mas ele tem tudo! É rico, poderoso, e tem tudo que quer.

-- O dinheiro não compra a felicidade, querida, Lucinha disse, e tocou a mão de Natali suavemente. -- E não cura as feridas. As dele são profundas, e você foi colocada no caminho para fazê-lo lembrar delas..

-- A senhora o conhece bem? Natali questionou preocupada. -- Será que um dia, vai me deixar ir embora. É tudo que eu mais quero: ser livre.

Lucinha pigarreou deixando a bandeja em cima de um móvel empoeirado.

-- Se alimente minha querida. Precisa se comer para ter força diante da caminhada. Vou chamar algumas empregadas para limpar esse quarto. Com licença.

Lucinha deixou o quarto. Dois seguranças faziam a guarda do local. Ela encontrou Apolo imponente, sentado na cadeira, tomando seu café.

-- Sr. Apolo, aquele quarto está muito empoeirado e cheio de mofo para aquela moça. Ela vai ficar doente.

Lucinha pensava que ele poderia ter misericórdia de Natali por se tratar de uma jovem frágil.

O silêncio de Apolo era um peso maior do que as palavras. Ele levou a xícara de porcelana aos lábios, tomando um gole demorado, os olhos de obsidiana fixos em algum ponto invisível além da governanta.

-- O quarto é o que ela merece, Lucinha, ele finalmente respondeu, a voz fria e cortante, sem vestígios de humanidade. -- Ela é a mercadoria danificada que Afonso tentou me empurrar. E as mercadorias danificadas ficam onde não podem ser vistas, lembrando a ninguém de sua falha.

Lucinha não se intimidou. Apolo podia ser o senhor daquela casa e de tudo que a rodeava, mas o coração da governanta era um refúgio de bondade.

-- Senhor, a moça não tem culpa do erro do pai. Ela é um ser humano, ela insistiu, as rugas de preocupação em seu rosto se aprofundando. -- E o desprezo dela não vai diminuir a sua raiva. Apenas vai alimentar a amargura.

Apolo pousou a xícara com um clique seco, o som ecoando no escritório. Seus olhos se voltaram para Lucinha, uma tempestade silenciosa.

-- Você está ultrapassando os limites, Lucinha, ele avisou, sem alterar o tom. -- A garota é a minha propriedade. E eu a tratarei como bem entender. Se você tiver tanta compaixão assim, guarde-a para si. Não me interessa a moralidade barata dos outros. Eu fui traído, Lucinha. E essa é a punição dela.

-- O que o Senhor pretende fazer com ela? Lucinha perguntou, a voz quase um sussurro, temendo a resposta.

Um sorriso frio, que não alcançou seus olhos, curvou os lábios de Apolo, mal se insinuando por baixo da máscara de ferro. -- O que um homem faz com o que lhe pertence e o insultou? Eu a farei pagar. Lentamente.

-- E eu posso pelo menos limpar o quarto que ela está, Sr. Apolo?

Ele se levantou, sua figura imponente dominando o espaço. -- Não, não pode. Agora, volte ao seu trabalho. E se a palavra 'compaixão' for mencionada novamente em relação àquela garota, você pode se juntar a ela no quarto dos fundos.

Lucinha compreendeu o aviso. Apolo estava cego pela dor da traição. Ela se curvou levemente e se retirou, o peso do destino de Natali esmagando seu peito. A porta se fechou silenciosamente atrás dela, deixando Apolo sozinho com sua escuridão e o desejo ardente de vingança.

No quarto dos fundos, o ranger da porta tirou Natali de seus devaneios. Não era Lucinha, mas sim um dos seguranças, um homem de rosto duro e ombros largos.

-- Levante-se, ele ordenou. -- O Sr. Apolo quer que você comece o seu trabalho.

Natali se levantou, o corpo trêmulo. -- Trabalho? Que tipo de trabalho?

-- O que um objeto faz, ele respondeu com desdém, puxando-a pelo braço para o corredor. -- Você é a faxineira pessoal da casa. Comece pelo quarto do Sr. Apolo. E seja rápida e silenciosa. Qualquer falha será reportada.

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