A chuva continuou implacável por mais uma hora, uma torrente fria que parecia lavar o mundo de Natali.
Ela estava tremendo, entrando naquele estágio perigoso de entorpecimento onde o frio se tornava uma dor surda e constante. O cheiro de terra molhada se misturava à dor de sua alma cansada.
Mas ela não gritou. Não implorou. A dignidade, era a única coisa que Afonso e Apolo não tinham conseguido tirar dela, a manteve em silêncio. Ela sabia que Apolo a estava observando. Um grito seria uma concessão, uma prova de que a punição estava funcionando exatamente como ele queria: quebrando-a.
Em vez disso, Natali se forçou a mover, usando o pânico de hipotermia como um motor. Lançada em um estado de quase alucinação pelo frio, ela olhou para o arbusto de rosas que havia podado e lembrou o que Apolo havia dito: “Se eu encontrar uma única rosa branca florescida, você vai pagar.”
Num ato desesperado e instintivo de conservação, ela começou a cavar. Não com a pá, mas com as mãos nuas, enfi