Ponto de vista: Arthur
Quando Mara terminou de contar o sonho dela, meu corpo inteiro congelou.
Menina de cabelos brancos. Correndo em um campo florido. Olhos prateados.
Não podia ser coincidência.
Meu coração disparou, e sem pensar, busquei o olhar de Apolo. Não precisei falar nada. Eu sabia que ele também tinha entendido.
“Você lembra?” falei direto em sua mente, no nosso elo de irmãos.
Vi os olhos dourados dele se estreitarem e o maxilar se contrair. “Como eu poderia esquecer?” respondeu Apolo, com a voz mental carregada de tensão.
E, em segundos, estávamos os dois de volta ao passado.
Eu tinha oito anos. Apolo, também. Desde que conseguíamos nos lembrar, sonhávamos com uma menina. Sempre a mesma.
Ela aparecia correndo em um campo de flores infinitas, o vestido branco esvoaçando como se fosse feito de nuvem. Seus cabelos, brancos como a neve, refletiam a luz da lua que nunca deixava o céu naquele lugar.
Ela não falava. Só sorria e corria. E nós, duas crianças curiosas e fascinadas,