Ponto de Vista: Mara
O silêncio da noite me embalava. Arthur e Apolo dormiam ao meu lado, seus corpos pesados e quentes grudados em mim, como se até em sonhos quisessem me proteger do mundo lá fora. Mas o sono não me levou ao descanso.
Eu me vi em outro lugar.
O chão sob meus pés era macio, coberto por um campo de flores que se estendia até onde a vista alcançava. As pétalas dançavam sob o vento, e a luz suave da lua iluminava cada detalhe, fazendo as cores vibrarem como se fossem vivas. O ar tinha cheiro de mel e de infância.
Por um momento, senti paz. Uma paz que não encontrava havia muito tempo.
Foi então que a vi.
Uma menina corria entre as flores, rindo alto, os cabelos brancos como a neve voando ao redor de seu rosto. Parecia uma pequena chama de luz em movimento. Ela corria de um lado para o outro, descalça, como se aquele campo fosse seu lar, como se nada no mundo pudesse feri-la.
Meu coração se apertou. Havia algo nela que eu conhecia, algo que me chamava de um jeito profundo