Manoela acabou vencida pelo cansaço, adormecendo aos poucos. Marta, porém, não fechou os olhos durante toda a noite o frio, a dor e a revolta a mantiveram desperta, encolhida sobre a tarimba gelada. Carlos, tal como Manoela, tentava se aquecer no chão, o mais próximo possível do fogão.
O tempo passou sem que conseguissem medir. Ali dentro, não havia relógios, nem meios de acompanhar as horas. Só sabiam que o sol ainda não nascera.
Foi então que ouviram o som inconfundível: passos pesados esmagando a neve do lado de fora. Os três se levantaram de súbito, os corações disparados e os olhos arregalados, fixos na porta, esperando que ela se abrisse a qualquer momento.
A primeira porta a se abrir foi a de Carlos. Homens armados surgiram, a respiração deles formando nuvens brancas no ar gelado. O capanga que falava italiano encarou Carlos e ordenou:
— Vá com eles. Faça o que mandarem.
— Mas... eu não entendo a língua. Carlos murmurou, nervoso.
O homem esboçou um sorriso sombrio.
— Vai entend