CAPÍTULO 3

— Porque você não pegou o dinheiro?

Revirei meus olhos.

Kat havia inventado de fazer uma "noite das garotas" para que eu lhe contasse tudo que aconteceu na noite anterior. Por mais que tenha protestado, alegando não ter muita coisa para falar, ela insistiu tanto que cá estamos nós.

— Por que eu não sou uma puta!

— Ah, sei lá. Você nem se lembrava da foda, poderia ter saído de lá ganhando alguma coisa de fato.

Bufei.

— Não é porque eu não me lembro que eu não sei que foi boa. Afinal, é só mexer minhas pernas uma na outra, que posso sentir muito bem como John acabou comigo.

Kat dá risada.

— É uma pena ele ser um completo babaca, então — Kat fez beicinho. — Se não, você poderia pedir um biz!

— E correr o risco de ser humilhada futuramente? Passo! — Falo abrindo um pacote de salgadinho de queijo. — E é exatamente por isso que prefiro não ficar com caras que conheci na noitada! — Enfio alguns salgadinhos na boca, saboreando o sabor enquanto Kat enruga o nariz para o cheiro típico dele. — Porra, eu queria só sexo tanto quanto qualquer homem naquela boate, mas no final quem é humilhada é sempre a mulher!

Minha melhor amiga pisca excessivamente seus olhos para mim, como se dissesse: "Ah, drama feminino".

Mas a realidade é que, por mais saciada que estivesse, estava frustrada por não me lembrar da noite com John. Que ele era um babaca, é fato, mas até então ninguém tinha me deixado no estado em que ele me deixou, e se seu sexo fosse tão bom quanto o seu beijo e a sua pegada... Lamento muito não está sóbria para aproveitar a noite que tivemos juntos.

E agora, depois dele ser um completo babaca comigo, eu não tentaria procurar outro cara tão cedo.

Sempre fui mais reservada. E, se fui para a balada em busca de macho, é porque a situação estava tão crítica que nem meu vibrador surtia mais efeito.

— Na próxima vez você pode ir numa rapidinha no banheiro mesmo. Se não der certo com um, thank you, next!

Foi a minha vez de enrugar o nariz.

— Você é nojenta, Kat! — Ela me dá um tapinha em protesto. — Você já viu o estado dos banheiros das boates?

Com um movimento de sua mão, Kat descarta minha pergunta e fala:

— O que eu quero dizer, Mandi, é que você não precisa passar a noite com um cara só. E, se preferir assim, tente ficar sóbria para que depois da foda você possa dar um fora o mais rápido possível!

— Anotado! — Falo desenhando um "check" com o dedo no ar.

Kat ri, balançando a cabeça e fazendo seus fios loiros ondularem no processo.

— Mas então, e a sua noite com aquele carinha lá? Rendeu alguma coisa?

— Não! — Kat faz beicinho.

— Sério?

De nós duas, Kat era a única que sabia aproveitar uma noitada. Sempre aparecia com uma nova história de sexo com um estranho gato.

— O cara só curtia sexo anal. Você sabe o que eu penso sobre isso!

— Nada entra, só sai! — Falo rindo.

— Exatamente! Quando ele veio com a conversinha de enfiar um plug anal em mim, eu caí fora.

Não consigo segurar uma longa risada.

→★←

Estava no mercado fazendo compras quando passo pelo corredor de higiene pessoal e meus olhos batem na prateleira de absorventes, procuro a marca que uso com abas, pego um pacotinho e jogo no carrinho.

No caixa, a moça que registra minhas compras é muito simpática, ela puxa assunto enquanto vai passando o código de barras de cada produto. Até que ela pega o pacote de absorventes.

— Essa marca não te dar alergia? Toda vez que uso tenho alergia.

— Em mim não. Inclusive mês passado...

Arregalo os olhos.

Ainda não havia descido a minha menstruação.

Normalmente ele vem no começo do mês, lá para o dia dois ou três...

— Moça, está tudo bem? — A mulher do caixa pergunta quando vê que não terminei minha fala.

— Que dia é hoje? — Pergunto, meio trêmula.

— Dia dezoito, quarta-feira.

Só podia ser sacanagem...

→★←

Chego em meu apartamento as preças, mal fecho a porta e já jogo as sacolas no chão. Estou soando tanto, que não sei quando o dia passou de frio e nublado para um color de quarenta graus. Ou havia algo muito errado com o tempo, ou comigo.

Droga!

Corro até meu quarto e vasculho meu closet, não acho nada. Olho no banheiro, mesinha de cabeceira, cômoda, em tudo e não acho o que estou procurando.

Um fio de suor escorre por minha coluna.

E só quando deito no chão para absorver o seu frio e tentar me acalmar, que vejo por fim minha pequena bolsinha em baixo da cama.

Puxo ela e vasculho seu interior, pego o pequeno pacote metalizado e vejo que restou somente um.

Suspiro aliviada.

Eu havia usado três das quatro camisinhas que Kat havia me dado antes de ir para a balada no final do mês passado.

O pensamento de ter ficado com John mais de uma vez naquela noite, faz meu rosto corar.

Amanhã vou marcar uma consulta com a minha ginecologista. Isso não é normal... E se eu estiver com um cisto no ovário?

Volto para pegar e guardar minhas compras. Enquanto guardo meus mantimentos dou risada do susto que tive a pouco.

Começo a preparar a salada verde com frango que tanto amo e estava morrendo de vontade de comer. Mas ao contrário dos molhos, tempero ela com bastante vinagre pois estava até com água na boca para come-la bem azedinha.

Sento na sala e coloco uma série para passar na televisão enquanto como e aproveito o restante do meu dia de folga.

Estou na metade do prato quando sinto minha boca salivar, e não de um modo bom.

Corro até o banheiro e despejo todo conteúdo do que acabo de comer para fora. Acho que pode ter até mesmo alface no meu nariz. Vomito tanto, que quando a ânsia vem, não tenho mais nada para colocar para fora.

Tento dizer a mim mesma que isso foi desencadeado pelo excesso de vinagre na minha salada. Mas acabo fracassando em acreditar em minha própria desculpa.

Merda, tenho que comprar um teste!

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