O sábado amanhece com um céu tão azul que parece pintura. Leo já está de pé antes de mim, espalhando plásticos pelo chão do antigo quarto de hóspedes com um sorriso bobo no rosto. Ele parece uma criança ganhando o primeiro pincel.
— Vai pintar isso aí com a boca de tanto sorrir? — pergunto da porta, ainda sonolenta, com a camiseta dele servindo como camisola.
Ele se vira, sujo de tinta branca na bochecha, e sorri ainda mais.
— Se você pedir, pinto com o corpo todo.
Dou risada. Ele se aproxima e me dá um beijo melado de carinho.
— Fiz café. Tem pão com requeijão, do jeitinho que você gosta.
— Você acordou um outro homem?
— Não. Só virei o pai mais feliz do mundo. E quero fazer tudo certo desde o primeiro prego no berço.
Comemos na varanda e, depois, passo o resto da manhã ajudando a organizar as tintas, pincéis, as embalagens dos móveis novos que chegaram — e rindo com as tentativas frustradas de Leo montar a cômoda.
— Isso aqui é castigo pra tudo que já fiz na vida — ele diz, sentado