Lucy ainda segura a xícara com as duas mãos, mas o olhar agora está fixo no vazio — no passado. Na dor.
— Quando eu conheci o Davi, era uma menina tentando entender o mundo. E ele parecia alguém que sabia exatamente como manipulá-lo… e a mim. Ele me cercou, me isolou, me prendeu em palavras doces que logo viraram gritos. Mas... eu nunca dormi com ele, Leo.
Minha respiração prende por um segundo. Não porque não soubesse. Eu sabia. Ela já havia me contado antes, numa noite qualquer, entre um beijo e outro. Mas ouvir isso agora, nesse contexto, com essa ferida aberta, me toca de outra forma.
— Nunca — ela repete, firme. — Ele tentou, muitas vezes. Usava o corpo dele como chantagem, dizia que se eu o amasse de verdade, teria que provar. Mas eu... não conseguia. Algo em mim travava. E hoje eu entendo: não era medo. Era o corpo gritando que aquilo não era amor. Que ele não era meu.
Coloco a mão sobre a dela. Ela respira fundo e continua, os olhos marejados.
— Você foi o primeiro. O único ho