Faz alguns dias que não vejo Leo.
Desde aquela briga violenta com o pai dele — a segunda, a mais feia —, ele tem evitado a boate, os telefonemas, até mesmo a mim.
Felícia disse que ele estava tentando resolver tudo sozinho, tentando proteger a gente, talvez… ou só se escondendo da realidade.
Eu, por outro lado, não consegui esconder nada de mim mesma.
Principalmente hoje.
Minhas mãos tremem enquanto olho para o teste de farmácia em cima da pia.
As duas linhas vermelhas brilham como faróis no meio de uma tempestade.
Estou grávida.
Por um momento, a única coisa que escuto é o som do meu coração, forte, martelando no peito.
Não sinto medo. Não exatamente.
Sinto um choque lento, profundo. Como se o mundo inteiro tivesse girado devagar demais e agora eu tivesse tropeçado na própria vida.
Sento no chão frio do banheiro, encostada na parede, o teste ainda nas mãos.
Penso em mil coisas ao mesmo tempo: na primeira vez que ele me tocou, nas noites em que dormi na casa dele, no jeito como ele me