Felícia não tenta me convencer a ficar.
Ela me conhece demais.
Sabe que, quando eu chego nesse ponto, não tem volta.
Ela apenas senta ao meu lado, toca minha mão e diz:
— Me diz o que você precisa.
Suspiro fundo.
— Só tempo… e um lugar onde ele não me encontre.
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Passamos o dia todo juntas, em silêncio, separando roupas, documentos, dinheiro que eu havia guardado em segredo.
Nada demais. Nada luxuoso. Só o suficiente pra recomeçar em outro lugar.
— Eu tenho uma tia no interior — Felícia comenta. — Ela tem uma casa simples, mas confortável. Não faz perguntas.
Se você quiser…
— Eu quero.
Ela me olha com os olhos marejados.
— Não acredito que vou ficar sem você por perto.
Sorrio fraco.
— Não é pra sempre.
Mas agora… eu preciso pensar em mim. Pensar no bebê.
Pensar longe de tudo que me machucou.
Ela me abraça com força.
Eu aperto de volta.
É estranho como, no meio do caos, algumas pessoas se tornam ainda mais sólidas.
E Felícia é meu porto seguro.
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Quando o dia escurece, já estou pro