A semana parece mais longa do que realmente é. Cada dia arrasta-se com a lentidão de um relógio quebrado, e a sensação constante de que tudo pode desabar a qualquer instante me acompanha como uma sombra. Quando Lucile confirmou que o transplante seria autorizado, que os exames de Matt estavam melhores do que o esperado, eu senti uma mistura de alívio e pavor. Alívio, porque havia uma chance. Pavor, porque essa chance vinha acompanhada do medo mais cruel que existe — o de perder um filho.
As horas no hospital passam como em um limbo. Tudo cheira a antisséptico e esperança. As paredes brancas, o som dos monitores, o vai e vem de enfermeiros — tudo parece amplificar o peso do que está por vir. Cori, minha pequena, continua sendo o centro do meu mundo, mesmo com o corpo frágil, o rostinho pálido e os olhos cansados.
Ela está deitada na cama, abraçada à boneca que ganhou de Matt. A boneca tem uma fita rosa no cabelo e um vestido lilás — a cor preferida dela. Os fios de cabelo de Cor