Os dias seguintes pareciam se arrastar em câmera lenta, como se o tempo tivesse esquecido de passar dentro daquela ala branca e silenciosa do hospital. Cori estava no isolamento. Um quarto de vidro, frio e impessoal, mas que, de alguma forma, abrigava tudo o que restava da minha sanidade. Eu olhava para ela e via o que me mantinha em pé. E o que podia me derrubar completamente.
Ela dormia a maior parte do tempo, o corpo miúdo envolto em lençóis maiores do que ela. A quimioterapia a deixara fraca, sem cor, como se a doença tivesse sugado até o brilho dos olhos dela. Quando acordava, pedia minha mão. E mesmo com as luvas e o vidro entre nós, eu estendia a palma, e ela encostava a dela do outro lado. Era o nosso jeito de continuar unidas, mesmo com a barreira invisível que o mundo colocou entre nós.
Matt vinha todos os dias. No começo, chegava e não dizia muito. Ficava ali, de pé, olhando para a filha, o semblante carregado de culpa, raiva, e um tipo de amor que ele ainda não sab