O som da máquina de café era quase hipnótico. O chiado, o vapor subindo, o cheiro forte e quente se espalhando pelo ar. Eu sempre achei reconfortante aquele aroma, mas naquele dia parecia sufocar. Cada vez que o sino da porta tocava, meu coração dava um salto idiota, como se esperasse — ou temesse — ver Matt atravessando o salão.
Fazia três dias que ele tinha aparecido na frente do meu prédio, e desde então, eu não era mais a mesma. Eu tentava seguir o ritmo, sorrir pros clientes, limpar as mesas, organizar o balcão… mas por dentro, eu era um turbilhão.
Pedir demissão ou ficar? O que eu deveria fazer?
A pergunta vinha em looping, martelando sem descanso. Se eu fosse embora, perderia a renda que sustentava minha vida e a de Cori. E a verdade é que não havia plano B. Eu já tinha passado pelo inferno da dependência antes. Quando Cori nasceu, Lucile foi meu alicerce. Pagou o aluguel, as fraldas, a comida… tudo. Eu tinha jurado pra mim mesma que nunca mais deixaria alguém carregar