Aquela semana parecia se arrastar como se os dias tivessem o dobro de horas. A cafeteria, que antes era o meu refúgio, agora era o epicentro do desconforto. Cada vez que Matt aparecia — e ele sempre aparecia, de forma imprevisível — o ar parecia pesar de um jeito quase tangível. Ele não falava comigo, e eu também não falava com ele, mas os nossos olhares se cruzavam inevitavelmente, num silêncio carregado.
Era estranho. Ele me ignorava, e mesmo assim, eu o sentia. A presença dele tinha um peso. Era como se o corpo dele preenchesse o espaço, mesmo quando estava do outro lado do salão. Eu tentava fingir que não percebia, mas minha atenção sempre se desviava na direção dele. Os gestos, a voz baixa quando falava com o gerente, o jeito que apoiava as mãos sobre o balcão — tudo era familiar.
Nick, claro, percebeu tudo. Ele tinha um radar afinado pra tensão alheia.
— Tá ficando impossível não notar, Tori — disse ele, enquanto limpávamos as mesas depois do almoço. — Vocês dois tão cri