O dia estava bonito demais pra terminar daquele jeito. O céu meio alaranjado, o vento brincando com os cachos de Cori, e aquele cheiro de dia fresco no ar — o tipo de cheiro que mistura preguiça, comida boa e uma pontinha de paz. A gente voltava da casa da Lucile, depois de um almoço cheio de risadas, com Russ bancando o chef e Cori se lambuzando de purê. Eu estava leve, finalmente. Por algumas horas, tinha esquecido o caos das últimas semanas.
Mas a tranquilidade se desfez no instante em que vi o carro parado na frente do prédio. Um sedã preto, desses que brilham até sob o sol cansado do fim da tarde. Eu o reconheci antes mesmo de ver quem estava dentro. Meu corpo reagiu antes da minha mente — o arrepio subiu pela nuca, o coração disparou, e o ar pareceu faltar por um segundo.
Quando Matt saiu do carro, o tempo parou. Ele estava ali, de novo, como se o universo tivesse algum prazer cruel em me testar. Vestia uma camisa clara, com as mangas dobradas até o antebraço, e tinha o ol