Os dois dias que antecederam o início do tratamento da minha mãe foram os mais longos da minha vida. Eu me sentia suspensa em uma corda bamba, entre a esperança e o medo. Os exames, as conversas com médicos, as idas e vindas pelo hospital… tudo parecia um grande labirinto. Eu estava exausta, mas não desgrudava da minha mãe, como se minha presença fosse capaz de blindá-la de qualquer dor.
Russ, surpreendentemente, se manteve por perto — não fisicamente, mas de uma forma que me confundia ainda mais. Sempre havia uma ligação dele para o hospital, uma mensagem sutil para o médico, um cuidado silencioso que eu nunca imaginei que pudesse vir dele. Os enfermeiros já nem disfarçavam quando citavam seu nome, e eu percebia a seriedade com que ele acompanhava cada detalhe.
Era impossível não me perguntar: por quê? O que realmente o movia? Não fazia sentido. Ele não me devia nada, tampouco à minha mãe. No entanto, lá estava ele, entrelaçado em um capítulo da minha vida que deveria ser só me