Um dia depois do beijo, eu ainda sentia o gosto dele nos meus lábios. Pior: o peso da recusa nos meus ombros. Russ aparecia em cada pensamento, em cada silêncio. Eu tentava afastá-lo, mas era inútil. E então veio a notícia que me deixou ainda mais confusa: ele tinha ido visitar minha mãe.
Visitar. Minha mãe.
Se eu não saísse de casa, enlouqueceria. Foi por isso que aceitei o convite de Tori. Um pub, umas músicas, algumas gotas de álcool no sangue — talvez fosse tudo o que eu precisava.
A noite estava viva, barulhenta, o ar cheio de vozes e gargalhadas que se misturavam ao som da banda no canto. As luzes amareladas piscavam sobre as mesas de madeira, e eu tentava entrar no clima, tentando rir das histórias malucas da Tori, dançar sem pensar em nada, beber sem me preocupar com o amanhã. Mas Tori me conhecia bem demais.
No meio de uma música mais agitada, quando nós duas fomos ao banheiro e paramos na fila que se estendia até o corredor, Tori me encarou, semicerrando os olhos.