Os dias seguintes passaram em um ritmo estranho, como se eu estivesse vivendo em dois mundos paralelos.
No primeiro, eu era apenas Lucile: filha, estudante, mulher que carregava livros debaixo do braço enquanto acompanhava o som dos passos pelos corredores frios do hospital. O cheiro constante de antisséptico grudava na pele, e cada visita à minha mãe se tornava uma mistura de alívio e dor. Alívio por vê-la lutar, por ainda poder segurar sua mão. Dor por não poder arrancar a doença dela e jogar fora, a livrando de todo sofrimento.
No segundo mundo, eu era a mulher que Russ havia escolhido para passar algumas horas, algumas ao lado dele em alguns eventos e jantares importantes.
Não havia beijo. Não havia toque. Não havia nada além de jantares discretos, conversas pontuais e silêncios que se prolongavam até ficarem incômodos.
Ele estava diferente. Mais calado. Mais distante. Mais… Russ.
E, paradoxalmente, era esse homem contido e reservado que me mantinha sã. Porque, quando