O rosto de Russ ainda estava ali, bem diante de mim, com aquela expressão debochada, os cantos da boca curvados como se ele estivesse se segurando para não rir alto. E eu, do outro lado, querendo cavar um buraco no chão e enfiar a cabeça para nunca mais sair.
— A mulher grávida é minha irmã, Harriet — ele disse, por fim, quase com um tom paciente, como quem explica de novo algo óbvio. — E a menina é minha sobrinha, Emma. Desde que o Henry morreu… meu cunhado… num acidente de carro… eu faço questão de acompanhar Harriet ao hospital.
Meu estômago se revirou de vergonha.
— Eu… eu… desculpa, Russ. Eu me equivoquei com o que vi, eu… — tropecei nas próprias palavras, a língua mais pesada que chumbo.
Ele riu de leve, um som abafado, mas genuíno.
— Tudo bem, Lucile. Qualquer outra pessoa teria pensado o mesmo. Mas, confesso… minha irmã ia achar isso divertidíssimo se ouvisse de você.
Minha pele já estava em chamas, o rosto queimando como se eu tivesse ficado horas sob o sol. Qui