Amara desligou o telefone sem perceber.
O quarto estava mergulhado no silêncio, mas seu peito arfava em ansiedade. Ela fixou os olhos na porta, atenta a qualquer movimento. Três horas da manhã. Quem poderia querer algo dela naquela hora?
Então vieram os passos. Lentos, arrastados. Reconheceu-os. Eram de Pitter.
Um arrepio percorreu sua espinha. Não fazia sentido. Com a personalidade dele, jamais entraria em seu quarto sem bater. O que estava acontecendo?
Antes que pudesse organizar os próprios pensamentos, uma silhueta surgiu ao lado da cama. Sem luz, sem lua naquela noite, a figura parecia apenas uma sombra imóvel. Amara quase perdeu o ar.
O coração acelerado ameaçava escapar pela garganta.
Estava prestes a quebrar o silêncio quando a lembrança a atingiu: Pitter era sonâmbulo.
Engoliu as palavras de volta. Não podia acordá-lo. Mas, então, o que ele queria?
A tensão se estendeu por segundos que pareceram eternos. Pitter avançou, sentou-se na cama e, com naturalidade assustadora, puxou