Giovanni
Quando Aurora aceitou ir para a Itália comigo, achei que o pior tinha passado.
Que ilusão.
Logo na primeira manhã, acordei ouvindo barulhos estranhos vindos da sala. Saí do quarto ainda meio sonolento e dei de cara com a cena mais caótica possível: Aurora no meio de uma pilha de malas, caixas improvisadas e sacolas plásticas, empacotando tudo como se estivéssemos fugindo da polícia.
E talvez, no fundo, era exatamente assim que ela se sentia.
— Aurora, o que é isso? — Perguntei, piscando várias vezes para ter certeza de que não estava tendo uma alucinação matinal.
Ela se virou com os cabelos presos em um coque torto, usando um moletom velho que dizia “Café Primeiro, Problemas Depois”.
— Eu estou tentando decidir o que levar para a Itália. — Disse como se fosse óbvio, segurando uma torradeira em uma mão e uma pantufa de coelho na outra.
— Você sabe que na Itália tem torradeiras, né?
Ela me lançou um olhar mortal.
— Esta torradeira é diferente! Ela tosta em formato de coração! F