Giovanni
— Vou deixar vocês dois sozinhos. Parece que têm muita coisa para conversar.
A porta se fechou atrás da amiga de Aurora com um estalo suave, mas para mim pareceu o som de uma bomba explodindo. A atmosfera na sala ficou pesada, como se o oxigênio tivesse sido sugado. Agora éramos só eu e Aurora... E o elefante no cômodo: o teste de gravidez ainda tremendo na mão dela.
Aurora estava parada, como uma estátua, segurando o teste de gravidez positivo com uma expressão de pânico absoluto no rosto. Seus olhos se arregalaram ainda mais quando percebeu que estávamos a sós. Ela parecia prestes a explodir, ou desmaiar. Não soube dizer qual das opções seria pior.
Eu pigarreei, passando a mão nervosamente pelo cabelo, tentando encontrar as palavras certas para aquele momento delicadíssimo.
— Você tem certeza? — perguntei, apontando com o queixo para o teste de farmácia cor-de-rosa que ela segurava como se fosse uma banana radioativa — Quer dizer, esses testes de farmácia... às vezes falha