3

Giovanni

Eu não sou do tipo que gosta de perder tempo. O tempo é uma moeda valiosa, e eu sempre soube como usá-lo a meu favor. Mas, quando se trata de Aurora Martin, parece que o universo gosta de me pregar peças.

Fazia uma semana desde aquele maldito casamento em Las Vegas, e, mesmo após uma noite que eu preferiria esquecer (mas não conseguia), o fato é que a situação estava longe de ser resolvida. Aurora, com seus olhos e cabelos revoltos, ainda estava na minha mente, o que não me deixava em paz. Ela devia ser um problema, mas, maldita seja, eu gostava da ideia de tê-la no meu radar. Quem ela pensava que era, achando que iria me ignorar? Se tem algo que eu não sou, é ignorado.

Estava em meu escritório, revendo relatórios e relatórios sobre os negócios da família, quando o advogado da família, entrou com uma expressão que eu não consegui decifrar de imediato. Era como se ele estivesse lidando com algo complicado — e ele não era de fazer isso sem razão. Francesco sempre foi um homem pragmático, com a mente afiada e o coração no lugar certo, mas algo me dizia que ele estava prestes a me dar uma notícia que eu não estava esperando.

— Giovanni, precisamos conversar — ele disse, com uma leveza que me deu um calafrio.

Eu ergui uma sobrancelha, largando o documento que estava segurando e observando-o mais atentamente.

— Claro, Francesco, o que houve? — perguntei, já preparando-me para algo que provavelmente me faria perder um tempo precioso.

Ele puxou uma cadeira, sentando-se com uma calma que contrastava com a sensação crescente de que algo estava prestes a dar errado.

— Sobre a anulação do seu casamento — ele disse finalmente, com uma voz baixa, como se estivesse falando sobre algo delicado. — Fui ao cartório, investiguei as possibilidades e… temos um problema. A anulação só pode ser feita em três meses, Giovanni.

Três meses?

Eu dei uma risada curta, mais pelo absurdo da situação do que por qualquer outra coisa.

— Como assim, três meses? Quer dizer que estou preso a isso por três malditos meses? — Perguntei, minha paciência começando a se esgotar. — Ela quer se livrar de mim e eu dela, e você me diz que a única solução é esperar mais tempo? Você está me dizendo que o tempo é meu inimigo agora?

Francesco permaneceu calmo, mas sua expressão me disse que ele estava tentando encontrar as palavras certas para a situação.

— Eu entendo sua frustração, mas as leis são claras. O casamento foi legalmente registrado, e, para que a anulação aconteça, é preciso um período de três meses. Isso é o padrão.

Eu esfreguei o rosto, exasperado. Não podia acreditar que estava nessa situação. Fui para Las Vegas, apostei em uma diversão passageira, e agora estava preso a esse jogo que ninguém mais jogava. Aurora Martin. Maldita garota. Ela não fazia ideia do buraco em que estava se metendo.

E, no entanto… algo dentro de mim gostava disso.

Eu podia sentir o cheiro da rebeldia que ela exalava. Podia ouvir o sarcasmo em suas palavras e ver a resistência nos olhos dela. Isso me dava uma sensação de controle, e ao mesmo tempo me tirava a paz. Eu sabia que ela tentaria fugir de mim, ignorar o casamento. Mas esse jogo, por mais frustrante que fosse, já estava começando a ficar interessante.

Olhei para Francesco, o rosto grave.

— Então, eu fico casado com ela por três meses? Eu, Giovanni Corleone, casado com a Srta. Aurora Martin? — perguntei, e a ideia de ver meu nome estampado como "marido" dela me fez soltar uma gargalhada baixa. — O que, você acha que ela vai simplesmente me aceitar como marido? Porque, com certeza, isso não vai acontecer.

Francesco hesitou por um momento, antes de responder.

— Eu não sei como ela reagirá, mas, legalmente, você está preso a isso até que a anulação seja formalizada. O que posso garantir é que você terá que viver com isso por um tempo.

Eu o observei, os pensamentos rápidos em minha mente. A situação parecia uma prisão, mas era também uma oportunidade. Eu sabia como lidar com mulheres difíceis — e Aurora Martin definitivamente não era fácil. Ela era uma mulher com personalidade, com um jeito que me provocava de uma maneira que nenhuma outra já havia feito. A ideia de vê-la resistindo a mim, tentando escapar de algo que não podia entender, me fazia querer brincar com a situação. Eu estava acostumado a manipular as coisas a meu favor, mas Aurora… ela tinha uma qualidade única. Algo me dizia que ela não se entregaria sem lutar. E essa luta? Bem, eu adorava uma boa batalha.

Uma parte de mim não queria esperar três meses. Não queria ser paciente. Não queria que ela tivesse essa vantagem. Mas outra parte de mim… estava mais intrigado do que deveria estar. Eu queria ver até onde ela iria para tentar sair desse casamento, e mais do que isso, queria ver o que ela faria quando a vida a colocasse de frente comigo.

— Três meses, hein? — murmurei, levantando-me e caminhando até a janela do escritório. O sol batia suavemente na minha pele, e eu deixei que a sensação me acalmasse um pouco. — Vou aproveitar esse tempo, Francesco. Se a situação vai ser assim, então que seja. Ela vai aprender que fugir de mim não é uma opção.

Francesco, como sempre, sabia que eu não estava falando apenas sobre o casamento. Ele não disse mais nada, mas sua expressão dizia tudo: ele sabia que isso não acabaria bem para ninguém.

A conversa terminou ali, e eu passei a tarde lidando com outras questões da família. Mas, em algum lugar do fundo da minha mente, a imagem de Aurora ainda estava lá. Eu gostava do mistério que ela representava, da dificuldade que ela tinha em me entender, e, principalmente, da forma como ela se rebelava contra o inevitável.

Por três meses, o tempo seria nosso adversário. E eu adorava quando as coisas estavam no meu controle. Isto significava, que iria atrás da minha esposa.

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