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Aurora

Já fazia alguns dias que algo não estava certo comigo, e minha cabeça estava a mil por hora tentando entender o que estava acontecendo. Eu me sentia cansada, mais do que o normal, e uma sensação constante de náusea me acompanhava. Não conseguia me concentrar direito, o que só piorava a situação. Meu corpo estava se rebelando contra mim de alguma forma, mas eu não sabia por quê.

No começo, pensei que fosse apenas uma virose — sabe aquelas coisas que surgem do nada e te deixam de cama por alguns dias? Talvez eu tivesse pego algo de alguém no trabalho ou de algum lugar por onde passei. Acontecia, né? Eu sempre fui a pessoa que acreditava em “não se preocupar até que se tenha motivos para isso”. Mas conforme os dias passavam e os sintomas não iam embora, comecei a ficar mais preocupada. Eu só não queria admitir que algo mais sério estava acontecendo.

Na manhã de terça-feira, eu não consegui levantar da cama. A sensação de enjoo foi tão forte que tive que me arrastar até o banheiro de madrugada, e quando olhei para o espelho, minha pele estava pálida demais, e meus olhos estavam fundos, como se eu não tivesse dormido direito em semanas.

Não que eu tivesse tido uma semana difícil, não, pelo contrário. Eu estava tentando me manter ocupada com o trabalho, mas a sensação de estar exausta, como se algo estivesse sugando toda a minha energia, não me deixava. Eu sabia que tinha que cuidar de mim mesma, mas eu estava tão confusa. Não era uma gripe. Não era uma virose. O que mais poderia ser?

Quando Megan apareceu no meu apartamento naquela manhã, com o café e a energia de sempre, minha expressão provavelmente disse tudo. Eu não conseguia esconder o quão péssima estava me sentindo.

— Ai, você parece horrível, Aurora — Megan comentou, me empurrando suavemente para o sofá e colocando a xícara de café na minha frente. — Eu sei que você é boa em esconder que está mal, mas  o que está acontecendo?

Eu tentei sorrir, mas o esforço foi maior do que eu imaginava.

— Acho que estou com alguma virose... nada de mais. — Falei, tentando passar a impressão de que estava tudo bem. Mas, pelo olhar desconfiado de Megan, sabia que ela não acreditaria tão facilmente.

Megan se sentou ao meu lado, sem perder o foco em mim.

— Virose? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Você está de cama há dias, Aurora. Isso não é uma virose. E não me venha com essa história de que é apenas cansaço, porque você sempre me diz quando está exausta demais. Está na hora de parar de bancar a supermulher, viu?

Eu suspirei, o cansaço me dominando ainda mais. A última coisa que eu queria era preocupá-la, mas, ao mesmo tempo, algo me dizia que eu estava começando a deixar o meu corpo me alertar para algo que eu não queria admitir.

— Eu não sei, Meg. Eu só me sinto tão… fraca. Enjoada. Tudo me dá vontade de vomitar, e eu fico tonta de vez em quando. Não é uma virose, né? Talvez tenha algo mais acontecendo, sei lá... — Eu dei um leve sorriso nervoso, tentando disfarçar minha angústia. — Eu só espero que isso passe logo.

Megan ficou me observando em silêncio por alguns segundos, claramente ponderando o que fazer. E então, como se uma luz tivesse se acendido em sua cabeça, ela fez a pergunta que eu não queria ouvir.

— Espera, Aurora... — Ela se inclinou para frente, com um olhar curioso. — Quando foi sua última menstruação?

Eu a olhei com confusão, como se ela tivesse perguntado algo absurdo. O que isso tinha a ver com a minha “virose”? Mas, ao olhar seu rosto, eu percebi que ela já sabia exatamente onde estava indo com isso. Eu desconversei, tentando achar uma desculpa qualquer.

— Ah, não faz sentido, Meg. Está tudo bem. Eu… sei lá, deve ter sido alguns dias atrás. Ou um mês, talvez. Não sou boa com datas, você sabe.

Megan franziu o cenho, e eu pude ver a expressão de preocupação em seu rosto. Ela começou a fazer as contas mentalmente, os olhos se fixando em mim enquanto ela me observava como se eu fosse uma peça de quebra-cabeça que ela tinha acabado de montar.

— Espera… você está dizendo que a última vez que você… que você teve o seu período foi…? — Megan se interrompeu e olhou para mim, com a boca ligeiramente aberta. Eu senti o coração dar um salto dentro do peito, e uma sensação estranha tomou conta de mim. Algo não estava certo.

Com o pensamento correndo a mil, comecei a fazer as contas mentalmente. Um mês atrás... Eu olhei para Megan, e tudo começou a se encaixar de forma dolorosamente clara. Meu último ciclo tinha sido antes de Las Vegas, e desde então… nada.

Meu estômago se revirou e, por um segundo, a sala parecia girar. Eu levantei as mãos automaticamente, tentando me apoiar no sofá, mas minha mente já estava tentando processar o pior.

— Não... Não pode ser — eu murmurei, em voz baixa, mas Megan, que já estava quase adivinhando, me encarou com um olhar de compreensão.

Ela não precisava dizer mais nada. Eu sabia que ela tinha percebido o que eu ainda não queria admitir.

— Aurora... você está atrasada. — Megan disse, quase com um tom de voz grave, como se já soubesse o que eu estava pensando.

Eu fiquei parada, paralisada. O mundo pareceu desacelerar, e uma sensação de frio percorreu minha espinha. Eu... estava atrasada. Eu estava… com atraso. E a única coisa que poderia ter causado isso… foi aquela noite maluca em Vegas.

Eu não sabia o que fazer com essa informação. Eu estava com o coração batendo forte, e uma onda de pânico começou a subir em mim. Aquela noite em que tudo aconteceu, que eu fiz uma loucura e aceitei me casar com Giovanni, agora tinha consequências que eu não sabia como lidar.

Eu olhei para Megan, os olhos cheios de uma mistura de confusão e medo.

— O que eu faço agora? — Eu quase sussurrei, a pressão no meu peito se tornando insuportável.

Megan simplesmente balançou a cabeça e me puxou para um abraço apertado.

— Vamos dar um passo de cada vez, Aurora. Primeiro, você vai procurar um teste de gravidez. Depois, a gente vê o que fazer.

Eu respirei fundo, tentando processar tudo aquilo. O que quer que fosse que estivesse acontecendo, eu precisava saber com certeza. E talvez, só talvez, fosse hora de encarar a realidade.

Mas, no fundo, eu sabia que nada seria simples. E, ainda mais, sabia que Giovanni Corleone estaria no centro dessa bagunça.

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