Aurora
O carro deslizou silenciosamente pela longa alameda ladeada por ciprestes. A noite já havia caído, cobrindo tudo com aquele manto espesso e úmido que tornava o mundo ainda mais estranho para mim. Eu observava pela janela o movimento das árvores sob o luar, enquanto sentia o silêncio de Giovanni ao meu lado como uma corrente invisível me puxando para o fundo.
Eu ainda não sabia se era medo, dor ou exaustão. Talvez fosse tudo junto. Talvez fosse só o peso de carregar um coração em ruínas e outro crescendo dentro de mim.
Quando os portões da propriedade se abriram diante de nós, tive a súbita sensação de estar sendo engolida por algo antigo, poderoso… e letal.
A mansão era imensa. De arquitetura clássica, com colunas brancas, janelas altas e varandas escuras iluminadas apenas por arandelas que pareciam ter vindo de outro século. Mesmo à noite, ela impunha respeito. E um leve arrepio.
Giovanni me lançou um olhar antes de sair do carro, como se quisesse se certificar de que eu ainda