Giovanni
Andava de um lado para o outro na sala como um animal enjaulado, sentindo o calor da fúria pulsar em cada veia. O celular ainda colado à minha orelha enquanto minha mente repassava, em detalhes cruéis, o conteúdo daquela caixa maldita. Cada passo ecoava no chão de madeira, ritmado pela raiva que me invadia como um incêndio fora de controle.
— Ela está me provocando, Matteo. Está provocando todos nós — rosnei, apertando os dedos em volta do celular com tanta força que ouvi um estalo nas juntas. — Cabeças de porco. No meu lar. Na frente da minha mulher. Isso ultrapassa qualquer linha.
Do outro lado da linha, Matteo ficou em silêncio por alguns segundos. Silêncio pesado, calculado, que conhecia bem. Meu irmão mais velho nunca reagia no calor do momento. Ele era estratégia pura, disciplina personificada. Mas até mesmo ele não conseguiu disfarçar o gelo que escorregou pela voz quando finalmente falou:
— Isso é uma ameaça, Giovanni. Clara, direta e simbólica. Você não quis fazer p