Aurora
A chuva ainda tamborilava suavemente contra a janela quando me enrosquei mais nos cobertores, tentando ignorar o som distante de trovões que se anunciavam no horizonte. Meu corpo já tinha se acostumado à cama dele, ao cheiro de Giovanni impregnado nos lençóis e ao espaço vazio ao meu lado que parecia sempre frio demais quando ele não estava.
Mas, naquela noite, algo diferente aconteceu. Estava quase adormecendo quando ouvi passos abafados se aproximando. Meus olhos se abriram lentamente, ajustando-se à penumbra, e logo a figura dele surgiu, atravessando o quarto com a naturalidade de quem pertencia ali.
Giovanni levantou o cobertor e se enfiou na cama comigo, seu corpo quente colando no meu pelas costas. Um arrepio percorreu minha espinha, mas não de medo. Era aquele tipo de tremor que vinha de uma estranha e reconfortante sensação de segurança.
— Não deveria mais dormir longe de mim — ele murmurou contra meu cabelo, sua voz baixa e rouca, carregada de sono e uma honestidade q