O dia começou com uma luz opaca, filtrada por nuvens que pareciam não decidir se trariam chuva ou só guardariam o calor preso ali embaixo. O pátio estava quieto demais quando acordei, como se todo mundo ainda estivesse reunindo coragem pra enfrentar as horas seguintes.
June dormia, o braço pendendo pra fora da cama, e eu fiquei observando seu rosto sereno por um instante antes de me erguer. Quando saí para fora, senti o ar pesado, cheio de umidade. Caminhei em direção ao refeitório, sentindo cheiro de terra molhada, e logo ele se misturava ao café que Deborah preparava no refeitório.
— Hoje vai ser longo — ela disse, sem rodeios, entregando a caneca quente.
Assenti. Não precisava de explicação. Lá fora, caminhões já descarregavam caixas e mais caixas que precisariam ser separadas antes de seguir pra outras cidades. As famílias que tinham chegado na noite anterior estavam alojadas no ginásio grande, coberto, que cada dia mais, parecia abrigar o impossível. Crianças corriam de um lado p