O sol já estava alto quando Nico apareceu na entrada do alojamento, batendo levemente na porta metálica com os nós dos dedos. O som ecoou pelo espaço apertado, e June, que dobrava cobertores num canto, ergueu a cabeça com a expressão de quem não sabia se devia fingir que não ouviu.
— Bom dia — ele disse, num tom calmo que parecia sempre guardar alguma urgência por trás. — Quando vocês puderem, preciso de mãos no ginásio. Chegaram mais famílias durante a madrugada.
Eu me sentei na beirada da cama, tentando sacudir o torpor do corpo. Tinha dormido poucas horas, acordando de tempos em tempos com a sensação de que havia alguma coisa que eu esquecia de fazer. Mas, olhando para o rosto sério de Nico, entendi que não havia espaço ali para o cansaço se prolongar.
— Dê quinze minutos — respondeu June, com a voz firme. — A gente já vai.
Nico assentiu e saiu, deixando a porta entreaberta. Uma lufada de ar quente entrou, carregando o cheiro de terra molhada e o rumor distante de vozes.
Enquanto c