Continuei ao lado dele, mas o sussurro ainda vibrava dentro de mim como uma nota presa no ar. Para não me perder naquele mistério — ou em seus olhos intensos demais —, decidi fugir para uma direção mais segura.
— Você sempre foi assim… tão sério? — perguntei, sem encará-lo diretamente.
Kael arqueou uma sobrancelha.
— Acha isso um defeito?
— Não. — sorri de lado. — Só curioso. Príncipes não deveriam ser mais… encantadores?
— Encanto é uma armadilha, Elisa. Prefiro ser lembrado pela clareza, não pela sedução.
— Isso soa… solitário.
Ele parou. E eu também.
Por um instante, achei que ele fosse encerrar a conversa com um silêncio cortante. Mas, surpreendentemente, ele respirou fundo, como se ponderasse sobre ser um pouco menos... implacável.
— Crescer no palácio é como viver em uma vitrine. Todo gesto tem eco. Toda fraqueza vira história. E eu sou o filho que restou, o que carrega o trono antes mesmo de sentar nele.
Sua voz era firme, mas havia um peso. Algo não dito.
— Deve ser exaustivo