Kael ficou parado na soleira da porta por um instante que pareceu um desafio silencioso. Seus olhos não desviavam do vestido, do decote, da determinação que eu sabia que ele preferia esconder.
— Está pronta para virar alvo? — ele perguntou, a voz baixa, quase um aviso.
Eu não respondi. Não precisava. A sensação era clara demais. O baile não seria uma celebração, mas uma arena onde minha presença seria interrogada, analisada, até ameaçada.
Quando chegamos ao Salão do Luar, as luzes pareciam mais duras, o ar mais denso. Os convidados circulavam como peças em um tabuleiro invisível, sussurrando sobre alianças e possíveis casamentos.
Uma figura se aproximou, um homem de olhos calculistas e sorriso fácil. Apresentou-se como um dos representantes do Duque de Virelle — o mesmo cujo nome Mirena mencionara com uma sombra de advertência.
Ele inclinou-se levemente e disse, com uma voz que tentava soar casual:
— Um vestido tão azul quanto o céu noturno… raramente se vê algo assim aqui. Você deve