Voltei para o quarto com as pernas bambas.
Fechei a porta devagar, como se pudesse conter tudo lá fora. Mas era dentro de mim que a guerra acontecia.
As palavras de Kael, o toque em meu pulso, o jeito como me olhou...
Era como se ele me visse inteira. Como se reconhecesse algo que nem eu entendia.
Me sentei na beirada da cama. Respirei fundo. E foi aí que veio o primeiro flash do dia:
Um campo escuro. Um trono de pedra. Sangue escorrendo pelos degraus.
Uma mulher ajoelhada, gritando sem voz.
E Kael… Kael com os olhos vazios, como se tivesse perdido tudo.
Como se tivesse perdido… a mim.
Ofeguei. Me levantei num pulo.
— Basta — sussurrei. — Chega de não entender.
Saí do quarto determinada, com os flashes ainda vibrando nas têmporas.
Dessa vez, eu não ia esperar que Mirena revelasse aos poucos.
Eu ia exigir.
Bati na porta dela com mais força que antes.
Mirena abriu, como se já me esperasse.
— Você viu mais. — Não foi uma pergunta.
— Estou vendo demais. E entendo de menos.
Ela fez sinal p