A lua estava alta quando decidi treinar sozinha.
Não conseguia dormir. O anúncio do baile ainda ecoava dentro de mim como um presságio — um aviso de que nada estava realmente sob controle. Nem mesmo eu.
O salão estava vazio, silencioso, com sombras compridas dançando nas paredes. Peguei o bastão de madeira e comecei a repetir os movimentos que Mirena ensinara. Braço. Ombro. Torção. Passo. E de novo. De novo. Até doer.
Foi quando ouvi o som.
Não era um ruído alto. Apenas o leve deslocar de ar, como se alguém estivesse respirando mais perto do que devia.
— Você está segurando errado.
Girei com o bastão em riste, pronta para atacar.
Ele segurou minha mão antes que eu pudesse fazer contato. Frio, rápido. Os olhos dele brilharam sob a luz prateada.
— Vai quebrar o pulso se insistir assim — disse Kael, soltando minha mão devagar.
— Está me espionando agora?
— Estou garantindo que esteja viva para o baile.
Bufei, afastando-me.
— Não sabia que príncipes tinham tempo para brincar de guardiões