O quarto estava silencioso quando retornei. As tochas já haviam sido apagadas, restando apenas a brisa suave da madrugada passando pela janela entreaberta. O perfume do baile ainda grudava na minha pele, assim como a lembrança do toque dele.
Kael.
A dança não deveria significar nada. Mas o modo como ele me olhou, como seus dedos seguraram os meus com firmeza medida, como se... como se controlasse o próprio desejo de ser mais do que o príncipe implacável que todos conheciam — isso me perseguia agora.
Sentei-me à beira da cama, descalçando os sapatos com gestos lentos. A noite parecia um fio prestes a se partir entre o que conhecia de mim... e o que começava a emergir sem controle.
Ouvi passos leves se aproximando. Não precisei me virar.
— Mirena. — murmurei.
Ela entrou com a naturalidade de quem já sabia que eu estaria acordada.
— Não dorme quando o coração dança mais que os pés, não é, menina?
Sorri com cansaço.
— Ele é... estranho.
— Kael é moldado em ferro e silêncio. Mas até o ferr