Manhã seguinte
O sol nasceu sem pedir permissão. Seus raios atravessaram a janela como lâminas douradas, mas meu corpo parecia preso em outro lugar.
Eu estava acordada, mas não estava inteira.
A mente… não era mais só minha.
As imagens começaram como sonhos. Depois, como lembranças presas em vidro trincado. Eu as via, sentia, mas não podia controlá-las.
Flashes.
Uma cama de pedra. Um anel caindo no chão. Um grito abafado pela neve.
Kael. Mais jovem. Com olhos tão aflitos quanto agora.
Outro flash.
Um salão com paredes escuras. Eu vestia vermelho. Ele usava uma coroa, mas não sorria. As mãos se tocavam por um instante antes que os guardas o levassem. E eu… eu estava chorando.
“Por que você me deixou?”
Outro.
Um campo de flores azuis. Ele me beijava com urgência, como se o mundo estivesse prestes a acabar. E talvez estivesse. Porque naquele instante, o céu começou a escurecer. Uma maldição nascendo. De novo.
Minha respiração ficou ofegante. Eu me levantei da cama, os pés cambaleando no